quinta-feira, abril 28, 2005

O Aborto

Ás vezes leio coisas que despoletam em mim uma necessidade de me insurgir contra certas pessoas, hoje vagueava eu pela net quando incauto foi ao site do PNR, além dos normais comentários completamente parvos e disfarçadamente xenófobos tinham lá dois artigo sobre o aborto que me arrepiaram todo e me levaram a escrever o seguinte.
Todos aqueles que falam do aborto têm várias vezes os seguintes argumento que a presidente da Federação Para a Vida, Isilda Pegado, disse sobre as propostas de alteração da lei do aborto pelo governo PS, “são uma tentativa de destruir os valores da vida e da família e um atentado à dignidade da mulher” – primeiro os valores não se destroem, alteram-se, mesmo assim temos que nos perguntar quais são os valores da família, sim quais são esses valores? Será o dos pais repressores que batem nos filhos de cinto? Ou dos maridos que maltratam as mulheres e não as deixam sair de casa e serem independentes? São esses? Ou serão os valores dos pais que obrigam os filhos a trabalhar em vez de estudar ou das mulheres que aguentam maus-tratos anos a fio sem nunca terem a coragem de se divorciarem porque os seus “valores” não o permitem? Serão os valores da sociedade retrógrada e conservadora? Que eu saiba os valores que estão em crise são da família tradicional e esses ainda bem que estão cada vez mais a desaparecer todos os dias vemos exemplos de que as relações familiares estão cada vez mais saudável a mulher está mais independente, os pais mais compreensivos e os filhos mais escolarizados e atentos, nesta nova sociedade existe uma polaridade de valores e isso permite-nos escolher, e não seremos forçados a aceitar. Eu prefiro de longe estes novos valores de família, além disso os valores transversais como o respeito, o apoio, a solidariedade e outros não são propriedade das famílias tradicionais esses valores encontram-se nos novos tipos de famílias. Quanto à dignidade da mulher e aos valores da vida – é evidente que é muito mais digno uma mulher ser arrastada para o escárnio e a repudia social de um tribunal, sendo julgadas e condenadas na praça pública do que realizarem um aborto num hospital com todo o sigilo e confidencialidade a que este procedimento obriga. É preferível milhares de mulheres aparecerem nas urgências, mutiladas para a vida do que realizarem as operações num ambiente controlado feito por profissionais. E é muito digno e pró-vida deixar nascer uma criança que ou irá parar a um orfanato ou viverá em condições deploráveis de vida só devido à nossa ideia de vida e de dignidade humana. Com isto eu pergunto e a dignidade da mulher/futura mãe é inferior à da possível criança que irá nascer? Preferimos o direito à vida do ser que ainda não nasceu ao de uma pessoas que já faz parte do tecido social? E que verá invariavelmente a sua vida degradada ainda mais com o nascimento de um filho indesejado ou que não terá condições de o educar? E quem sabe, prejudicando toda uma família? Será preferível? Eu penso que não. Estas ideias dos anti-aborto, também auto-denominados pró-vida como se todos os outros fossem pela morte!! Que coisa tão estúpida. Mas se os argumentos são tão claros como eu atrás referi porque tanta a discussão? O principal problema é a mensagem que é passada para o publico – é a favor ou contra o aborto? – que raio de pergunta é esta? É evidente que ninguém é pelo aborto, a questão é saber se acham que uma mulher que faz um aborto deve ser presa por isso. Esta é a questão, mas é claro que isto não interessa à direita-ultra-conservadora-radical-religiosa que muito bem para os seus interesses prefere debater “a vida e o direito a ela”. Bom para eles que estão a passar a sua mensagem. Mas o que está a esquerda a fazer? Esses palhaços da esquerda que têm medo de dizer as coisas como elas são não levam a mensagem às pessoas e estão a ser “comidos” pelos da direita que eu já referi.
O argumento é muito simples, imagine que a sua mãe está grávida quer abortar pelas mais diversas razões, punha a sua mãe na prisão por considerar que matou o seu irmã(o)? Prefere perder a sua mãe à possibilidade de ter um irmã(o)? Pensem nisto e da próxima vez que lhe perguntarem “é a favor ou contra o aborto?” você diga que pergunta mais parva de se fazer...

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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lolikneri havaqatsu

2/08/2010 12:34 da tarde  

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