segunda-feira, março 20, 2006

Inverno quente em França

Em França, as coisas estão novamente a aquecer. A nova lei permite que até aos 25 anos o empregado possa ficar até 2 anos à experiência (isto é, pode ser despedido sem qualquer razão), levou vários milhares de pessoas para as ruas para protestar contra mais um atentado à estabilidade social, mas, também a consequentes (infelizmente) distúrbios e lá temos que voltar a ouvir bacoradas do senhor Nicolas Sarkozy, que diga-se de passagem foram muito mais publicitados do que as manifestações pacificas que ocorreram, mas isso deixo para a linha editorial dos meios de comunicação. Voltando à questão, debaixo de um capa de solução para o problema de dum país em que a taxa de desemprego chegou a ser superior a 30% na faixa etária dos 20 aos 30, esta solução de dar mais direitos e poderes ao patrões choca com a minha sensibilidade. É claro que muita gente vai dizer que isto é muito bom e que vai dar muito emprego, mas eu pergunta a que custos? Será que ter um emprego precário é melhor que não ter emprego? De um ponto de vista estritamente factual, sim é. É preferível receber do que não ganhar nada! Mas a grande questão não é essa, o problema é o rumo que as coisas tão a tomar, é a linha orientadora deste governo e de outros, se hoje é até aos 25 anos, depois o que iram fazer quando aumentarem a taxa de desemprego entre os 30 e ou 40? Onde vamos parar, qual será a idade aceitável? E até onde será fácil um trabalhador ser despedido? Estamos a fazer o que os patrões querem, estamos a ceder aos seus propósitos de lucro fácil à custa dos explorados. E assim o que me impede (eu patrão!) de contratar só jovens e depois despedi-los e contratar outros?
Temos que pensar sempre nos dois lados dos problemas e não nos deixar-mos levar por soluções milagrosas, que essas não existem…